sábado, 19 de fevereiro de 2011

(amar)garida

Certa vez me acerquei do assunto das flores, quis adentrar àquele mundo e também possuir uma infinidade de cores e fragrâncias. Quis me tornar flor, viver em companhia do vento mas lembrei que fui criada para correr pelos campos e plantar sementes.
Já que não poderia me juntar a elas, quis juntá-las a mim. Passei dias a escolher dentre todas a flor mais bonita, até que escolhi a margarida mais radiante do jardim. Durante muito tempo arquitetei nossa fuga, vislumbrei todo o mundo que tínhamos a descobrir, os sonhos que se concretizariam. Como era lindo imaginar o mundo só comigo e minha flor.
Depois de infindáveis dias de espera tomei coragem e resolvi buscá-la. Tinha certeza de que era o momento certo de viver ao seu lado, ela pela qual eu tanto esperei. Fui ao jardim, e cortei o seu cabo. E desde então passei a levá-la a todos os lugares, mas a minha margarida não aguentou muito tempo, bastaram alguns dias para que ela morresse. Foi então que dei-me conta do erro.
Olhando para os fiapos do meu umbigo quis tê-la a qualquer custo, quando na verdade eu não estava preparada para fazer dela a minha flor, transformei sua liberdade em seiva a escorrer pelo cabo. Foi arrancando pétalas e colhendo saudade que eu fiz o meu canteiro.



 Marina Boni

3 comentários:

  1. Poxa Marina, acho que você se daria muito bem na faculdade de Letras, onde, como eu vi e vivi, todos amam escrever, tanto em prosa quanto em poesia ou até mesmo quando fazemos da prosa uma poesia! Meus Parabéns! Achei lindo o que escreveste! Nem eu nem você estamos tão ligados com as letras assim, mas podemos ultilizá-las em algo que é comum a nós! A Música!\o/
    Mais uma vez, parabéns!!

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  2. Repito tudo o que o João disse e elogio mais um pouco ainda!
    Que lindo, Mari!
    Beijos!

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  3. Espetacular "(amar)garida".Saiba que estou ouvindo Nando Reis e pensando em ti, fofa!Saudades demais.Continue poeta e linda :)

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