sábado, 19 de março de 2011

Ser ou nadar?





Havia me esquecido de como era estar de braços abertos a contemplar todo aquele céu que existia sobre mim. A ausência de qualquer ruído fez-me sentir longe de tudo e tão próxima de mim mesma, tão próxima do Deus. Só o balançar da água ocupava o meu pensamento, estava despida de qualquer preocupação. E esta era a sensação da felicidade. Sentir que tudo bastara àquele instante, e que para sorrir não seriam necessárias vitórias ou provas de amor. Eu conseguia tocar o azul ao estender a mão e o vento parecia brincar comigo. Me senti inteira e capaz de colher todos aqueles pássaros e colocá-los no bolso, a fim de que só eu pudesse contemplá-los. Tudo se tornou pequeno demais diante das infinitas possibilidades de arrumar as peças do meu tabuleiro. O meu personagem não precisaria mais se limitar a viver na terra, buscando aprovação e a aceitação de outrem, agora vivia na água, era com os peixes que ia brincar e quando se cansasse tinha o céu inteiro pra desenhar.

                                             Marina Boni

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