quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sem tempo para um título...

Amarrou os sapatos, desceu do ônibus, se apressou a dar corridinhas a fim de aproveitar o semáforo fechado, olhou as revistas da banca, sem parar é claro, pois nessa vida de cidade grande todo tempo é aproveitado, e quase sempre mal aproveitado.
O relógio da estação marca oito horas, como todos os dias o homem atrasado está a correr pela avenida. Foi com tamanha pressa que ele passou por entre os bancos da praça e nem notou o pacote de dinheiro que lá estava. Mas que contradição da vida, o homem corria para trabalhar seis horas e não ganhar nem a metade da quantia depositada no chão. Teve sua grande chance e correu.
Talvez se ele não corresse tanto, e estivesse mais atento o desfecho fosse outro. Mas sinceramente não me importo com tal sujeito, por menor dos males ele “perdeu” dinheiro. A maioria das pessoas perde a vida. Não devotam atenção às sensações. Não sabem o cheiro da chuva, pois estão ocupadas demais em não molhar-se. Não sabem o gosto da couve-flor, pois só tem quinze minutos para almoçarem. Não tem tempo para escutar, pois reclamam demais.
É uma pena a grandiosidade do ser humano ser reduzida a isso e estar sempre condicionada a minutos e tarefas. Mas de que importa discutir tais fatos, muitos nem terão tempo para ler esse texto..

                                      Marina Boni

Um comentário:

  1. Que isso! Tenho amigos muito inteligentes.
    É incrível como o que você disse de muitas pessoas nem olharem por falta de tempo ser uma pura verdade, pois eu mesma faço isso muitas vezes.
    Bom começo, Mari!

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